2 coelhos – Afonso Poyart

por inquietar

SINOPSE: Edgar (Fernando Alves Pinto) encontra-se na mesma situação que a maioria dos brasileiros: espremido entre a criminalidade, que age impunemente, e a maioria do poder público, que só age com o auxilio da corrupção. Cansado de ser vítima desta situação, ele resolve fazer justiça com as próprias mãos e elabora um plano que colocará os criminosos em rota de colisão com políticos gananciosos. Na medida que o plano de Edgar é executado, descobrimos pouco a pouco suas reais intenções e sua história, marcada por um terrível acidente e um amor que ele jamais esqueceu. Dois Coelhos é um enigmático suspense de ação onde cada minuto vale mais que todo o passado.

Meu comentário sobre o filme: Eu vi o trailer na internet, meio que por acaso, e acabei ficando muito interessada em assistir o filme. Fiquei vigiando os cinemas de BH até que ele entrou em cartaz: fui imediatamente porque sabe como é filme nacional né? Se deixar para semana seguinte, já parou de passar. O filme é surpreendentemente bom: tem o ritmo de filme de ação sem soar banal; apesar da narrativa não-linear é fácil de entender. O roteiro tem um furo: das duas uma, ou o Edgar tem poderes de clarividente ou jamais saberemos qual o plano original dele. De qualquer forma o furo não incomoda, gera no máximo um pequeno desconforto. Há também uma forçação de barra: quatro personagens apaixonados pela mesma pessoa. Tudo bem, a Alessandra Negrini é linda e encaixou perfeitamente na personagem, mas ainda acho que há um exagero na trama. 

De forma geral os personagens do filme são muito consistentes e cheios de nuances. Ninguém ali se encaixa no perfil tradicional de herói – são todos demasiadamente humanos, capazes de grandes atos e de golpes baixos. Isso me atraiu muito, odeio personagem-tampão. A exceção talvez seja o personagem interpretado pelo Caco Ciocler que ficou com pouco espaço no roteiro – o ator está bem, só não recebeu cenas suficientes para desenvolver. Eu senti falta de saber como aconteceu a aproximação do Edgar com o personagem do Caco Ciocler – certamente a etapa mais problemática do plano do Edgar – e o filme deixa isso em branco. 

A edição está ótima e a trilha sonora cumpre o seu papel. Há cenas lindas de lirismo (todas envolvendo a Alessandra Negrini), o que é bem incomum em filmes de ação. Isso acaba dando um ar autoral ao filme, que é universal sendo completamente brasileiro. Ainda que tenha pequenas falhas, o resultado final encanta, entretém e faz pensar.